Fazendo do Presente um Verdadeiro Presente

Conforme mencionado anteriormente, vez por outra faço uso de frases e pensamentos do personagem Benedict, do meu livro “Os Caminhos do Amor em Bread & Joy”, usando sua sabedoria como referência para novos posts. A frase de Benedict escolhida para o texto de hoje diz:

“Farei o melhor possível de meu momento presente, pois ele é tudo que tenho. Farei de meu passado um aprendizado, e de meu futuro um infinito de possibilidades.”

Nesta sábia orientação, Benedict já previa que, cedo ou tarde, as dores do passado ou as aflições das incertezas sobre o futuro, viriam atormentar os pensamentos e sentimentos do neto Frank, e buscava, evidentemente, serenar as emoções decorrentes de inevitáveis tormentos. E cá entre nós, sofrer tais tormentos está longe de ser privilégio de Frank.

Em seu livro “O Poder do Agora”, o espiritualista alemão Eckhart Tolle chama nossa atenção para o fato de que, muitos de nossos sofrimentos emanam de nossa inabilidade de viver e focar no momento presente. Estamos constantemente com nossos pensamentos vagando em torno de alguma experiência do passado, ou direcionados a alguma preocupação sobre possíveis eventos futuros, lembrando que o ato de se preocupar nada mais é que o ocupar-se previamente de algo que ainda está por acontecer.

Porém, Tolle vai um passo além, e diz que não apenas ocupamos nossas mentes com eventos passados ou que estão por vir, mas criamos interpretações sobre os mesmos e, ainda pior, nos identificamos profundamente com tais interpretações, chegando ao absurdo de nos definirmos como pessoas em função delas.

Se, em algum momento de nossa vida, fracassamos em algo, interpretamos esse fracasso como uma derrota vergonhosa e definitiva. Tomamos então essa interpretação como sendo a representação da verdade absoluta e, como em um passe de mágica, viramos perdedores irremediáveis.

Se temos um evento por acontecer, e nos convencemos de que seu resultado será importante por uma razão ou por outra, começamos a traçar uma sequência de eventos catastróficos que poderão ocorrer se as coisas não derem certo, e consequentemente, nosso futuro se converte em uma catástrofe em potencial iminente.    

E quando uma sequência de eventos como os descritos acima se acumula, o resultado só pode ser o desequilíbrio emocional e, no seu limite, deterioração de nossa saúde mental.

Hoje em dia, já está mais que sacramentado pela psicologia, que a não aceitação do passado gera depressão, e a insistência em viver no futuro buscando antecipar os acontecimentos em função de nossos medos e inseguranças, gera ansiedade. E a impressão que tenho é que, atualmente, estamos mais e mais nos situando em uma dessas categorias, ou, no pior dos casos, nas duas. Vivemos em um mundo de depressivos e/ou ansiosos.

Não aceitamos as perdas que a vida nos traz, rejeitamos as derrotas pessoais e profissionais, julgamos as mudanças não almejadas como castigo divino, nos desesperamos em função de separações não desejadas. Ao entramos em rota de colisão com o passado, estamos iniciando uma luta inglória que não podemos sair como vencedores, pois o passado não irá mudar, e quanto mais lutamos para “corrigi-lo” mais angústia originamos. E ao viver em constante conflito com nosso passado, acabamos por rejeitar também o presente, já que um é consequência do outro. E a depressão, com isso, vai tomando corpo.

Por outro lado, o desejo de controlar os eventos futuros é algo natural do ser humano. Desde os primórdios da civilização, tentávamos influenciar a vontade dos deuses para com as flutuações do clima, para que este se inclinasse em favor de nossas lavouras, ou de nossos intentos de caça em busca de alimento. Porém o homem moderno levou essa preocupação e desejo de controlar o futuro para um novo patamar, buscando antecipar não só o clima, mas os resultados financeiros do quartil, a conquista de um objetivo profissional, o sucesso de um filho, o quitar de uma dívida, o êxito de uma relação, e por aí vai. A lista é interminável. E quanto mais tentamos controlar o futuro, mais nos frustramos, mais nos decepcionamos, e mais ansiosos nos tornamos.    

Segundo Tolle, e muitos outros “gurus” espirituais e da psicologia, o antídoto para essas situações de enfermidade é muito simples e depende de dois pontos fundamentais. Primeiramente, devemos fazer as pazes com nosso passado, não apenas aceitando-o, mas olhando-o com olhos de aprendiz. E em segundo lugar, voltar-se para o futuro com fé em Deus, e a crença de que existe à nossa frente um oceano de possibilidades a serem exploradas.

Devemos buscar olhar para o nosso passado como uma fonte inesgotável de ensinamentos. Ao rejeitá-lo, estamos também rejeitando suas lições, e com elas, as oportunidades únicas de crescer e atingir novos patamares de maturidade mental e espiritual. 

Outro intento deverá existir, no sentido de deixar de alimentar nossos medos sobre o que poderá acontecer em nosso futuro, e substitui-los pela fé, fomentando a crença de que tudo que está por suceder em nossa vida só ocorrerá com a permissão divina. O que vier, terá como objetivo principal, servir de instrumento pedagógico para que sigamos nosso caminho evolutivo a caminho da iluminação.

Ao fazer as pazes com nosso passado, e ao mudar a maneira como olhamos nosso futuro, só nos restará então uma coisa a fazer. Focar no presente. O único tempo de nossas vidas em que realmente podemos atuar. É no presente que amamos, é no presente que interagimos com as pessoas que nos importam. É no presente que efetivamente podemos fazer a diferença e nos transformar de dentro para fora.

Nos resta então, aprender que o dia de hoje é um verdadeiro presente divino. Quando o tratemos como tal, quando estivermos em paz com o passado, e tenhamos desenvolvido a fé nos desígnios de Deus para com o que está por vir, conquistaremos as tão almejadas paz espiritual e saúde mental.  

O passado já foi. O futuro a Deus pertence. Vamos cuidar do agora?

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